OTAN diz que China deve interromper apoio à russa para manter relações com o Ocidente

Secretário-geral Jens Stoltenberg destaca que assistência chinesa à Rússia alimenta conflito e pede cautela na dependência do país asiático

Por Da Redação com Gazeta Brasil 26/04/2024 - 10:50 hs
Foto: John Thys/AFP


Na última quinta-feira (25), o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, alertou que a China deve interromper o apoio à invasão russa na Ucrânia se quiser manter boas relações com o Ocidente. Durante uma visita a Berlim, Stoltenberg ressaltou que a assistência de Pequim é crucial para o esforço bélico de Moscou, já que está sustentando a economia de guerra russa ao compartilhar tecnologia avançada, como semicondutores.

 

 

Stoltenberg destacou que, no ano passado, a Rússia importou 90% de sua microeletrônica da China, utilizada na fabricação de mísseis, tanques e aviões. Além disso, a China está trabalhando para fornecer à Rússia melhores capacidades de satélite e imagens. O secretário-geral advertiu que a China não pode buscar boas relações com o Ocidente ao mesmo tempo em que alimenta o maior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

 

Ele também instou os aliados ocidentais a não se tornarem tão dependentes da China quanto foram da Rússia no passado. Stoltenberg lembrou que a dependência do petróleo e gás russo tornou os países vulneráveis, e não devem repetir esse erro com a China, seja em relação ao dinheiro, matérias-primas ou tecnologias.

 

 

Nos últimos anos, a China fortaleceu laços comerciais e militares com a Rússia, principalmente diante das sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados a ambos os países, especialmente à Rússia devido à invasão à Ucrânia. O comércio entre China e Rússia atingiu uma marca recorde de US$ 240,1 bilhões em 2023, com um aumento de 26,3% em relação ao ano anterior.

 

Além disso, Stoltenberg aproveitou a ocasião para pedir aos países da OTAN que aumentem seus gastos militares, devido às tensões com a Rússia. Ele criticou a falta de ajuda prometida à Ucrânia nos últimos meses e ressaltou a importância de cada aliado cumprir plenamente seus planos defensivos e alcançar a meta mínima de 2% do PIB em gastos militares.

 

 

A próxima cúpula da OTAN, que ocorrerá em Washington em junho, poderá decidir um papel maior na coordenação da assistência militar e no treinamento das forças ucranianas. Stoltenberg também destacou a necessidade de reforçar a cooperação com países de valores semelhantes à OTAN, já que a Rússia conta com o apoio da China, Coreia do Norte e Irã, que alimentam a economia de guerra russa.

 

Durante sua visita à Alemanha, Stoltenberg reuniu-se com autoridades alemãs, visitou a base aérea de Laage e participou de encontros com membros das comissões de Relações Exteriores e Defesa do Bundestag, além do chanceler Olaf Scholz. A situação na Ucrânia e a relação com a China foram temas centrais das discussões.